''A dor não foi achada em nenhum dos lugares que ela procurou. Mas ao acordar em uma manhã de domingo, bem no domingo, que ela sempre odiou, ao terminar de lavar o rosto ela se olhou no espelho e finalmente pode enxergar. E era lindo. Ela era linda. A dor tinha se esvaído. Tinha saído pela sua boca, pela suas mãos, pela sua saliva ácida. A dor tinha sumido. Tinha descido pelo ralo, junto com toda a sujeira amarga da realidade encarnada. Ela sabia que naquela manhã encoberta por nuvens e chovendo de mansinho ela se sentia, pela primeira vez, uma pessoa essencialmente pura. Até transbordar. Naquela manhã. Naquele dia. Naquele momento. O que é bem melhor que pra sempre. Agora ela podia entender.
E embora o coração estivesse vazio, os olhos nunca estiveram tão brilhantes."